Pensamentos soltos

14 de dezembro de 2009

Pombas, se soubessem a inveja que nós, humanos, temos da sua liberdade de voar, não pisavam nunca no chão...

nem pra comer pipoca.

Completa

26 de novembro de 2009

Dentre as tantas superstições dos homens
Prendo-me apenas a uma,
que nem superstição se considera,
mas uma mescla de crenças contadas.

Quando olho para um avião vejo mais do que se vê.
Uma máquina carregadora de gente e sonhos,
capaz de levar aos céus meus desejos mais íntimos
com apenas o fechar dos olhos, um pedido sincero e um sopro.

Mas um dia, não diferente de todos os outros,
vejo quatro desses metálicos gigantes com asas
entrecruzando o céu num jogo-da-velha de nuvens
e surpreendendo-me, pela primeira vez, sem nada para pedir.

Conheço, assim, a sensação de não querer nada.
Vejo-me sozinha e sem outro objetivo que não olhar para o céu.
E admirando a beleza das linhas brancas no tão raro azul
enfrento a (in)felicidade de ter tudo o que quero...e mais nada.

Salamanca

16 de novembro de 2009

A descoberta mais surpreendente que fiz desde que viajei é que meu coração não está em um lugar, ou trancado dentro de mim, mas igualmente dividido entre as pessoas que amo.
Não preciso estar na minha cidade, basta ficar poucos minutos com gente que realmente conheço para me sentir, mesmo que por poucos instantes, em casa.

Falando grego

27 de outubro de 2009

-¡Buenos dias!
-Hola
-Me gustaría hacer xxxxxxxxxxxxxxxxx.
-Vale, entonces tu quieres yyyyyyyyyyyy, ¿correcto?
-No. Yo quiero xxxxxxxxxxxxxx.
-Sí, yo comprendí, tu quieres yyyyyyy...
-¡No!, mira, tu no has comprendido. No quiero yyyyyyyyy. Quiero xxxxxxxxxxxxx. Ya hablé con mi coordinadora deBrasil, ya hablé con mi coordinadora de aquí. Todos están de acuerdo con el cambio para xxxxxxxxxxxxxxx.
-[...]Ah...vale, entonces coge este papel y escribe que a ti te gustaría cambiar todo el acuerdo para yyyyyyyyyyy.
-(porra!) Dios, ¡No! Yo quiero hacer xxxxxxxxx. En el campus de filología me dijeron que hiciera un nuevo acuerdo. Tu dices que eso no es posible. ¡Vale! ¿Qué puedo hacer entonces?
-Aguarda un minuto. Aranxa... Aranxa, habla con esa chica, ella no comprende lo que estoy intentando decirle.
(Aranxa) -¿Sí?
-Quiero hacer xxxxxxxxxxxx.
-Vale, haga un nuevo acuerdo de estudios.
-Ya lo hice.
(Para a outra menina que estava falando comigo antes) -Está todo correcto entonces, tu le puedes firmar el papel.
- ¬¬


(Põe 40 minutos nessa brincadeira)

Retrato

19 de outubro de 2009

Ela sentia frio. Um frio interior.
Sentou-se ao sol, mas não em qualquer canto, sentou-se no único ponto de luz formado pelos raios que transpassavam a árvore mais linda que ela já havia visto. Não que a árvore em si tivesse algo que a diferenciasse muito das outras, mas se destacava pelo local onde estava, pela curvatura do tronco.
Quando ela viu aquele ponto sabia que, se houvesse alguém ali sentado, independentemente de quem fosse, tiraria uma foto.
Então sentou-se, em parte para sentir-se observada, fotografada, em parte por ter percebido que sentar-se ali seria, também, uma forma de fazer e (por quê não?) viver poesia.

Primeiras impressões

4 de outubro de 2009

Balança de cozinha, roupas, sapatos, pesar de novo, mãe anotando os pesos num papelzinho, soma tudo, ta mais pesado do que devia, já era vai assim mesmo, fecha mala, abre mala, tira blusa, poe pantufa, fecha mala, pendura bonequinha pra diferenciar da mala dos outros, tios, tchau, tchau, foto da catedral? claro!, tirar as coisas do computador, videos na tv, Angela chorando, sensação estranha de não estar sentindo nada, carro, obras na pista, aeroporto, tia estacionando, check-in, esconde dollar, pega dollar, esconde de novo, cervejinha, brinde, mãe encostando no meu braço sempre que possível, 4:30h, tchau, tchau, não chora mãe, "não vou chorar filha" (chorando), freeshopping, internet no cel, pessoas ligando, avião, melhor poltrona, grega gente boa, cidade vista de lá de cima, jantar, filme, grega conversando, dor no pescoço por causa da cadeira desconfortável, "fecha a janelinha AGORA por favor", sono, luz, estamos sobre a Africa, alpes suiços, Suiços, tchau grega! Muito bom te conhecer!, "ei, ei, ei, stop girl!", Sorry! Where do I need to go?, andar pelo aeroporto, sono, fome, troca dinheiro, comer, troca dinheiro, entrar no avião, Madrid, cadê o Mow?, oi Mow!, metrô, QUE CIDADE INCRÍVEL, CACETE!, banho, passeio, sono, acordar, correr, vamos perder o voo, corre!!, Santiago, sono, ficha caindo, meus pais estão longe!, "por que você ta quieta?", Giorgia, Roberta,Fernanda, Bia,Nick, vamos sair de tapas!, dormir, acordar, dormir, comprar computador, conhecer a cidade, campus norte, ORE, catedral...CARACA, OLHA O TAMANHO DESSA CATEDRAL, voltar, marcar caminho, dormir, acordar, sair sozinha pra conhecer a cidade, me perder uma vez, duas, tres, fotos, muitas fotos,sair pra buscar as roupas que comprei da Ju, nao conseguir pegar as roupas, pressao baixa, almoço, "oi, você é brasileira?", almoço, alemãs, suiça, brasileiro que conhece Itatiba,Heidi!, camera fotografica, celular pifado ¬¬, voltar pra casa, computador nao chega, trabalho, pc do Mow, festa, botellón, bocadillo, dormir, acordar as 4h da tarde, sair pra beber, tequila 1 euro,cerveja 1 euro, chapéu 4 euros, voltar sozinha na chuva, feliz!, choro, video em homenagem aos formandos, choro interno - sem lágrimas mas muito dolorido, SAUDADE!

Muita saudade mesmo...Uma saudade que só quem tá longe de casa entende...e como eu to longe de casa, meu Deus!

Arigatô! (Ou seja lá como se escreve isso)

31 de agosto de 2009

Não costumo postar textos para amigos, namorados, família.
Escrevo pra mim mesma, na maioria das vezes.
Mas hoje vou abrir uma exceção.
É só mais um pouco de conversa jogada fora depois de tantas horas jogando conversa fora juntas.
Amiga, faz uma hora mais ou menos que entrei em casa depois de você salvar o meu dia. Estou sem sono.
Tava aqui com as caraminholas da minha cabeça pensando em tuuuudo que conversamos.

Sabe, se, de repente, a gente não tivesse passado pelo que passamos...
Será que a gente estaria melhor?

Uma coisa eu te garanto, eu não teria descoberto a pessoa incrível que você é.
Pela última vez (prometo, rss), obrigada! Ou, mais ao seu estilo, arigatô! haha
Vamos seguir caminhando, tomando nossos capuccinos se for preciso.
É uma forma quentinha, docinha e divertida de enfrentar os problemas!


Repararam que, pela primeira vez nesse blog, um texto não tem tom pessimista?

Wish You Were Here

25 de agosto de 2009

O que você não entende, meu anjo, é que uma única noite com você já me bastaria (ou tarde, ou manhã - a noite aqui é questão de convenção).
Não que já não tenhamos tido nossas noites, mas falo desse agora, desse momento, desses segundos que batem na nossa cara e não dão tempo pra que a gente se recupere.
Eu estou indo embora.
Tenho meus palpites quase certos, mas a verdade é que só Deus sabe quando volto.

Não, não quero te apressar.
Eu entendo o que você está passando. Sempre entendi, mesmo que meu lado egoísta não queira aceitar isso.

Pelas minhas contas e pela nossa disponibilidade nesse momento, ainda vou te ver 9 dias...9. Chutando por cima, eu digo, porque sem cancelar nossos compromissos não nos veremos mais do que 7 dias.
Sete dias até a gente voltar a se encontrar em fevereiro.

O que estava tentando dizer quando comecei a escrever aqui é que eu não quero te ver esses sete ou nove dias, se tiver que te encontrar com a cabeça em outro lugar.
Repito, eu entendo muito bem o que você está passando.
Agora tente me entender.

O que eu quero é você.

De corpo, alma, cabeça e coração.
Não falo de sexo. Sexo é o tipo de coisa que se arruma em qualquer esquina.

Falo de amor.

Eu quero fazer amor com você.

E fazer amor, nesse sentido, não necessariamente envolve o tato, os corpos... Me basta um olhar. Um olhar que me mostre que você só está pensando em mim. Um olhar que dê sentido à aliança que temos entre nós.
Não preciso dos nove dias, entende? Acho que só preciso do seu olhar por um segundo.

Eu te amo, e essa é minha única certeza agora.

Você me fez acreditar que isso daria certo, agora que acredito, quem não pode desistir é você.

Boa noite.

Uma homenagem pra me lembrar do abraço que agora me faz falta

17 de julho de 2009

Normalmente sou bem tranquila, mas me irrito muito quando crio uma expectativa a respeito de uma pessoa e, de repente, me frustro.
Principalmente porque evito criar expectativas.
Quando crio é porque aquela pessoa realmente me surpreendeu em algum momento.
Rezo toda noite pedindo paz, sabedoria... Mas teve dias que rezei pedindo, pra quem quer que estivesse escutando, que me desse menos cabeça e mais atitude de uma criança de 21 anos.
As pessoas olham pra mim esperando que eu seja uma criança... Não seria mal, só pra variar, que tivessem o que esperam.
A partir dos meus 14 anos vivi tanto, tão intensamente, e cometi tantos erros - alguns idiotas, outros sérios - e aprendi tanto com eles que simplesmente me vejo diferente da grande maioria das pessoas da minha idade. Pior. Encontro pessoas mais velhas que são tão inseguras que são dignas de pena.
Sempre me envolvi com pessoas mais velhas. Estou me referindo a relacionamentos amorosos. Um ex namorado costumava me perguntar o motivo disso, e eu sempre dizia que gostava de pessoas com mais cabeça... Mordi a língua, não uma vez, nem duas. O maior exemplo disso é um grande amigo meu, um cara que conheci há mais ou menos 3 anos e por quem já fui muito apaixonada (talvez ainda seja, de certa forma). Ele tem 20 anos, fez há alguns meses, e é mais adulto do que todas as pessoas com quem já me envolvi. Com ele não preciso ser a mãe, a conselheira, sou só eu. Eu mesma.
Toda vez que me frustro com alguém, como aconteceu hoje, fico me perguntando, "Por que não encontro alguém como o Bruno, só pra variar?".
Mas, não. Seria fácil demais e eu ainda tenho bastante abacaxi pra descascar. Só vivi 21 anos... Tenho muito o que aprender. Talvez a errada, a digna de pena, seja eu.
Talvez.
É na possibilidade oposta que me apego para seguir em frente.

Sabe, eu só queria um abraço.

Luz

29 de junho de 2009

Tantas luzinhas, tanto movimento, tanta vida lá fora e eu há cinco horas aqui dentro desse ônibus.
Já li meu Veríssimo, assisti a um filme desses de Sessão da Tarde que insistem em colocar na TV (dublado e com legenda), já ouvi música, e então me peguei pensando na vida com o olhar perdido.
O mundo nos obriga a correr tanto que chega a dar medo de parar pra pensar na gente. Dá medo de perceber que só tenho feito besteiras, porque um erro consciente é muito mais sério que um inocente...
Melhor não pensar.
Confesso meu medo de pensar e pronto!
As luzinhas na janela chamam os meus olhos que lembram à minha mente das minhas atitudes...


Melhor fechar os olhos e dormir.

Medo

26 de maio de 2009

Não sei por onde começar.
Só sei o que sinto.
E nem nome sei dar para essa dor esquisita que agora me toma...
Ciúmes? Não, com certeza não.
Inveja? Acho que não também. Não há o que ser invejado.
O que seria então?
Num momento em que tudo está dando certo, todas as pessoas que amo estão perto de mim, me vem essa sensação terrível de solidão. Sem mais nem menos. Essa carência sem sentido que escondo com tanta facilidade, talvez por prever que sentiria, talvez por já ter sentido tantas vezes que nem mesmo perceba a mentira num primeiro momento.
Eu só quero ser feliz.
Ninguém entende isso.
Já vi pessoas me apontarem como exemplo de alegria, de riso, de otimismo...
Nunca encontrei ninguém que me entendesse de verdade.
Já contei segredos para centenas de rostos, desde a velhinha no ônibus até aqueles que chamo de melhores entre os amigos.
Nunca me abri por inteiro com ninguém. Nem acho que alguém de fato deseje que eu me abra tanto.
Já me apaixonei perdidamente a ponto de dizer que morreria por aquela pessoa.
Nunca me apaixonei por ninguém por quem morreria de verdade.
Já magoei muito algumas pessoas.
Nunca quis magoar ninguém...não...eu quis sim, uma vez. E magoei todos à volta dessa pessoa, menos a própria.

E nunca quis mentir.

Mas tem coisas que simplesmente surgem na minha boca. Palavras que não são minhas, mas são ditas com a minha voz. E quando percebo já falei. Muitas coisas no mundo são mutáveis, podem ser refeitas, mas as palavras... As palavras quando saem da boca não voltam mais, e há sempre ouvidos atentos e dedos esticados em nossa direção.

Eu erro. Erro muito.

Minha principal qualidade, muito mais valiosa que meu sorriso amarelo, é saber disso.

Não me aponte na rua! Não ria de mim! Não se sinta superior ou inferior a mim! Não fale dos meus defeitos sem olhar para o próprio umbigo! Não fale mal da minha família! Não me acorde quando eu estiver dormindo! Não fale mal dos meus amigos! Não me trate como uma criança, pois qualquer pessoa que tiver maturidade suficiente para me tratar dessa forma não o fará justamente por ter maturidade! Não seja ridículo! Não tente me fazer inveja! Não tente me colocar para baixo porque tenho uma base muito sólida e qualquer tentativa nesse sentido será inútil! Não me pergunte “o que eu tenho” quando não estiver sorrindo. Se eu quiser dizer o que tenho já vou chegar contando! Não me deixe só!

Eis que chego o mais próxima possível do que conheço como tristeza. Nada que um abraço inocente de alguém que realmente me ama não resolva.
Procuro em volta, mas não há ninguém.