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Noite Estrelada

9 de maio de 2019

Nasci. Fazia frio naquela noite e não havia uma nuvem no céu. Meu choro rompeu o silêncio como se mostrasse à toda cidadezinha que uma nova vida exigia seu espaço. Corri pelas ruas e ladeiras ganhando intimidade com cada pessoa, paralelepípedo e rachadura na parede. Amava as outras crianças como se fossem os irmãos que não tive. Conhecia aquele pequeno mundo e, em minha mente, ele era enorme. Quando penso em minha infância, me lembro das ladeiras, do azul, dos balões e do céu, sempre limpo e estrelado.
Não sei exatamente quando foi que a imensidão universal da cidadezinha tornou-se ínfima. Foi de uma hora pra outra. Tudo que antes me era familiar, de repente, passou a me sufocar. Os espaços não me cabiam - ou será que era eu que não cabia nos espaços?
Certa noite, após passar horas na cama com os olhos e a mente arregalados, senti um impulso, uma vontade incontrolável de andar. Pus as pantufas e fui primeiro à sala, depois à cozinha, depois ao quintal, à praça, à igrejinha... Subi ao campanário e, de lá, vi algo ao longe que parecia se erguer na direção do céu. Com a curiosidade atiçada, caminhei até o alto do morro e, chegando lá, reparei que se tratava de uma árvore imensa. Dali, ela era maior que a igreja, que a lua, que a própria cidade, era impressionantemente maior do que eu. Me vi insignificante, e só então reparei que estava de pijama e pantufas e que o óbvio seria voltar para casa, mas o ímpeto de caminhar ainda me tomava e a perspectiva da cidade vista de longe só a tornava ainda mais minúscula.
Virei as costas e segui.
Longe da cidadezinha, descobri novos universos, todos imensos até também se tornarem minúsculos. Eu, que só sabia amar, aprendi a querer, a lutar, a cair, a levantar, a olhar pro céu e não ver nada. A bem da verdade, conforme novas preocupações surgiam, fui parando de me importar com o céu. Era como se o peso das contas, das responsabilidades, dos filhos, do mundo me curvasse as costas e me forçasse a olhar cada vez mais para o chão. Me acostumei a olhar pra baixo e a sentir um vazio constante. Julgava conhecer o mundo inteiro sem perceber que minha visão dele ficava a cada dia mais limitada. Foi então que, numa das noites de insônia que se tornavam cada vez mais frequentes, o familiar ímpeto de caminhar me tomou outra vez. Lutei contra a vontade de sair de pantufas por ter adquirido, com as durezas da vida, o medo do ridículo. Saí.
Não sei por quantos dias andei sem rumo até me dar conta de que minha caminhada tivera rumo claro desde o início. Hoje, quando cheguei à árvore no alto do morro e vi, ao longe, minha cidadezinha, eu a senti imensa. A lua clareava o breu noturno e tornava tudo azul: A cidade era azul, as montanhas eram azuis, o céu era azul e se erguia repleto de estrelas. Hoje, quando cheguei à árvore no alto do morro e vi, ao longe, minha cidadezinha, encontrei, finalmente, naquele céu e dentro e mim, a infinitude que passei a vida toda buscando.

Salto

4 de maio de 2017




Mãe, pai, marido, cachorro, papagaio, festa, roda, dança, canta, alegria, completude, vento, vento no rosto, vento no corpo inteiro, vento demais, falta de ar

                                          sufocando

                                                     

(INSPIRA)


Abro os olhos que ainda estão meio grudados de sono e levo longos 5 segundos para entender o que está acontecendo. O vento é tão forte que varre os sonhos da minha mente. Já não penso em nada, nem lembro do que sonhava segundos antes.

Estou
em
queda
                           L
i
                    v
r
                                                                     e.

Tento me virar para o céu e vejo o avião, que fica cada vez menor. Viro novamente o corpo para baixo e vejo os edifícios que construi, cada vez maiores.

É engraçado como esse momento de adrenalina extrema parece fazer o tempo parar.

Sinto cada centímetro do meu corpo pulsando.
Viva.
Eu estou viva.
O fato de poder me esborrachar no chão que se aproxima só deixa essa sensação ainda mais forte.
Viva.
Eu estou voando.
O barulho do vento só não é mais ensurdecedor que meu grito e que as batidas do meu coração.

A corda está na minha mão (a corda!)
    É só puxar a cordinha pro paraquedas se abrir e eu pousar em segurança (A CORDA!)

Só mais um segundo. Eu só quero mais um segundo desse descontrole. (ACORDA, CARALHO!)



Abro os olhos que ainda estão meio grudados de sono.


Viva.

Meu corpo pulsa, acordado pela primeira vez em muito tempo.

Ainda viva.

   

O espelho dos meus pais

20 de dezembro de 2016


Perdi as contas de quantas vezes encarei aquele espelho horas a fio. Ele estava na parede do quarto dos meus pais desde sempre. Era robusto, pesado, “de corpo inteiro”, e desde minha infância já tinha a trabalhada moldura de madeira escura bastante desgastada. Aprendi, ainda criança, que espelhos refletem nossa imagem e, por isso, passei a me reconhecer no que via nele quando o encarava. Aquele ser era eu. Não me agradava em nada, mas era eu.
Eu vivia no quarto dos meus pais porque era o maior cômodo da casa, tinha uma cama enorme e eles só entravam ali para dormir. Criava nele esconderijos e passagens secretas, e o usava como cenário para as histórias que inventava, nas quais podia ser Alladin, Mulan, Renato Russo, a Magali da Turma da Mônica, o mocinho, a mocinha, o bandido e o cavalo malvado do bandido. Todos, tudo, menos eu. Mas o espelho continuava ali, desafiando minha imaginação, mostrando que por mais que eu quisesse, não podia ser outra pessoa. Eu era aquilo que via nele. Sem sal, sem açúcar, sem sentido.
Nos anos que se passaram diante daquele espelho, a configuração do quarto permaneceu a mesma. O incômodo que eu sentia quando me via diante dele, no entanto, aumentou progressivamente. Eu, que antes não falava sobre isso por não saber explicar o que incomodava, vi a adolescência ir transformando a imagem à qual tinha me acostumado em outra que não reconhecia e que fazia ainda menos sentido. Um dia, passei pelo espelho e quase morri do coração ao ver ali uma pessoa completamente estranha. Segundos depois, quando me dei conta de que a pessoa era eu, senti um nó se formar em minha garganta e, na tentativa de não sufocar, acabei por soltar o grito que prendi no peito por todos aqueles anos. Chorei. As lágrimas escorriam não só pelos olhos, mas por todos os poros desse novo corpo refletido pelo espelho. Vi aquele rosto se contorcer de desespero, arranquei as roupas que não me cabiam e, vendo refletida a carne nua, senti nojo. Tentei arrancar meus cabelos, meus dentes, a pele, o sexo, tive vontade de morrer, e, num rompante de fúria, arremessei um sapato contra o velho espelho que se espatifou.
Com os olhos fixos na madeira que antes sustentava o vidro e continuava presa à parede, percebi minha respiração voltando ao normal. Aproximei-me da moldura e senti uma dor lancinante no pé. Olhei para baixo e, encarando os cacos amontoados e sujos de sangue, me reconheci, pela primeira vez, naquele ser desconstruído e repleto de olhos mareados, narizes e bochechas rosadas. Tudo aquilo era eu. Já não via ali um homem ou mulher, mas sim o alívio do “não ser”, do incógnito. Com uma leveza que me era estranha, vi todos aqueles fragmentos se contorcerem outra vez para formar, em todas as minhas bocas, o sorriso mais lindo que já dei.

Fluido

24 de novembro de 2016

Não há nada no palco além do chão, das paredes do fundo e das cortinas negras.
O público ouve o terceiro sinal do teatro e, acomodando-se nas poltronas, silencia.
Faz-se um instante de silêncio absoluto.
Dois instantes.
Três.
O silêncio chega a ficar palpável.
No momento em que as pessoas começam a se mexer e se entreolhar, desconfortáveis, uma luz ilumina o canto direito do palco. Surge então, banhado por ela, um garoto com um vestido de balé. Em um primeiro momento, o desconforto volta a surgir. Pessoas se endireitam nas poltronas e algumas trocam risadinhas. O silêncio, no entanto, volta a reinar quando o garoto caminha até o centro do palco, para, e encara a plateia com os olhos mareados.
Ninguém sabe se ele está emocionado ou triste.
Ele une os braços à frente do corpo, junta os calcanhares en dehors e fica assim, parado, até que o piano toca as primeiras notas.
O garoto leva um dos braços sobre cabeça e, mantendo-se em ponta, eleva uma das pernas. Adágio. Sem qualquer esforço aparente, ele impulsiona o corpo e gira como peão.
Ao piano juntam-se violinos.
O garoto continua sozinho.
Seus movimentos ganham um pouco mais de corpo. Plié. Demi-plié. Arabesque. No momento em que ele se estica com delicadeza, violoncelos se juntam ao piano e aos violinos.
O garoto continua sozinho.
Ele gira novamente sobre o próprio eixo. Sempre de olhos abertos. Os olhos sempre mareados. O palco parece diminuir a cada novo movimento do dançarino.
À orquestra junta-se o contrabaixo.
O garoto continua sozinho.
Ele se joga ao chão em um movimento tão fluido quanto a água e tão suave quanto a brisa. Estica os braços em direção ao público como se estivesse sedento de algo que não está ali, que não pertence ao balé. E apesar de a plateia não saber o que é, sabe claramente que o que a bailarina busca está dentro dela mesma, não fora.
Começam a soar os fagotes.
O garoto se estica no chão como se por ele quisesse ser tragado e, girando, ele se aproxima outra vez da lateral direita do palco.
Ouvem-se os oboés.
Apenas os oboés.
No teatro que, segundos antes, estava tomado pela música, apenas o agudo instrumento de sopro parece manter o garoto vivo. Ele se levanta de forma delicadamente brusca e se vira para o centro do palco, totalmente vazio.
Silêncio.
Começam a rufar, aos poucos, os tambores. Primeiro um, depois outro, depois outro. Juntam-se aos tambores todos os outros instrumentos e, num rompante que faz a plateia prender a respiração, o garoto corre, salta e paira no ar como se, naqueles segundos que se fizeram eternos, voasse.
Não há mais ninguém no palco, mas ele não está sozinho. Ele é o garoto, a bailarina, a orquestra, a plateia, o palco. Apenas um. Mas todos. E ninguém ali ousaria dizer o contrário.
Ele se vira, encara a plateia e, ao ouvir a última nota da orquestra, fecha os olhos.
Pelo seu rosto, escorre uma lágrima.

Aplausos.

Estrela

7 de junho de 2013

"Meu pai disse que aqueles pontos, lá em cima, são espíritos do passado. Disse que quando a gente morre, vai lá pra cima e fica olhando pelas pessoas que estão aqui embaixo. Ajudando, sabe?! Ele falou que depois que a gente morre se transforma em luz pra guiar as pessoas que ficam. Aí eu disse que não sabia por que o pessoal daqui de baixo precisava de tanto guia. Ele explicou que eu ainda era muito pequeno pra entender algumas coisas, mas que um dia posso precisar de tanta ajuda que vou achar que faltam pontinhos lá em cima. Ele falou que quando esse dia chegar, se ele não estiver mais aqui com a gente, vai estar grudado lá naquele pano preto pra me ajudar a seguir em frente."

"Você não contou pra ele que a professora de Ciências deu uma aula sobre estrelas e constelações na semana passada?"

"E acabar com a inocência dele assim, sem mais nem menos? Eu nunca seria tão malvado."

A textura dos sonhos

3 de abril de 2013

Trabalho em equipe.
Acho que se fosse definir minha vida, seria desse jeito.
Um bom e belo trabalho em equipe.
Digo isso porque, desde que nasci, me acostumei a não fazer nada sozinha.

Só ir ao banheiro. Ao banheiro eu vou sozinha.

Mas tirando isso, seja nos momentos mais banais, seja nos mais importantes, estou sempre muito bem acompanhada e consciente de que posso contar com quem está ao meu redor.
Desta vez, não foi diferente.
É com muito orgulho, prazer e um sorriso na cara daqueles que fazem cócegas nas orelhas, que apresento a vocês o resultado do trabalho de uma grande equipe...

O PERIPÉCIAS NAS ENTRELINHAS VIROU LIVRO!

Sim, é isso mesmo.

LIVRO. Desses de papel. Desses que lemos com atenção e que nos fazem rir e chorar. Desses que damos de presente, que têm cheirinho de novo e uma capa bonita e simples que já antecipa o que será encontrado em cada página.

O Peripécias saiu do mundo virtual. Agora é real. Concreto.

É um sonho que acaba de ganhar textura de livro.

E, como já disse antes, a materialização desse sonho só foi possível com a ajuda de pessoas extremamente importantes.
Capa, contracapa, diagramação, revisão e prefácio foram feitos pelos meus irmãos. De sangue ou não. Gente de quem me orgulho muito e que vou levar sempre comigo.
Obrigada, André, Heitor e Tyler.
Acho que nunca vou ser grata o suficiente a vocês.

Agora você, leitor, já pode conferir o resultado desse belo trabalho em equipe.
Lá, você poderá conferir a capa, as primeiras páginas, as características da obra e compra-la pela internet. Para agradar a todos, o livro está disponível também na versão e-book.

Os textos foram selecionados com muito cuidado e carinho. Eles traduzem o que vejo em mim e no mundo à minha volta.
São páginas repletas.
Assim, repletas "ponto final".
Do que elas são repletas, cabe ao leitor descobrir.
Acesse, confira, comente, deixe seu pitaco aqui ou na página da editora, afinal, esse é um momento feliz demais para não ser compartilhado com os amigos.
Ainda mais com amigos tão especiais.
A todos vocês, muito, muitíssimo obrigada!

Sem pausas

21 de fevereiro de 2013

Correu como se nada mais houvesse e nada mais importasse Quase foi atropelada na correria por um carro e depois por uma moto mas nada aconteceu Nada aconteceria A cada passo sentia o coração batendo mais forte mais rápido Tinha ganhado um beijo Um beijo de verdade molhado na boca daqueles que deixam a perna bamba e a vida bamba atrás das pernas Ainda no caminho tirou a chave da bolsa e a segurou na posição certa para abrir a porta e entrar correndo e quando chegou finalmente entrou pegou o caderno dentro do armário procurou uma caneta abriu o caderno respirou e
Sorriu
Suspirou
Deixou que uma lágrima de felicidade escorresse
E rindo pôs pra fora o que lhe escorria pelos poros e enfeitou seu caderno com as mais belas palavras da língua e quando não encontrava palavras suficientes inventava adjetivos novesíssimos e lindonérrimos Deixava que a caneta dançasse já que as pernas se recusavam a parar de tremer e escreveu até que o pulso doesse e o sono batesse e o coração se acalmasse e todo o corpo ficasse
finalmente
em paz

Vereda da Salvação

13 de dezembro de 2012

Hoje acordei com os pés virados para a cabeceira da cama.
Sonambulismos à parte, não demorou muito pra que eu percebesse que não era só o corpo que estava de cabeça pra baixo.
Ontem, apresentei pela última vez a primeira peça da minha vida. Diante de uma plateia lotada e receptiva, compartilhamos nosso trabalho de meses, um texto pesado de Jorge Andrade, na esperança de que todos saíssem, no mínimo, tocados com o que tinham visto.

Lembro bem de que, no começo do semestre, todos se preocupavam em não transparecer que essa era a nossa primeira peça. Ontem, descobri que isso já não importava. Percebi que um grupo unido como o nosso não precisa se preocupar com esse tipo de coisa, que quem dá o seu melhor consegue coisas impressionantes.

Nós conseguimos coisas impressionantes.
Sempre gostei de teatro, mas faz pouco tempo que descobri que o que é mostrado à plateia é resultado de um trabalho monstruoso. Se você não é de teatro e sabia que as apresentações exigiam muito trabalho, pasme, elas exigem muito mais trabalho do que você imagina.

Lidamos com egos, problemas pessoais, opiniões contrárias. Escolhemos um texto denso e difícil de decorar, lidamos com o medo de entrar no palco e a vontade de mostrar tudo que aprendemos ao longo desses meses, isso sem pensar no trabalho que dá cuidar da parte técnica, do figurino, da iluminação, da trilha sonora e da montagem de palco.


Foi bom ver que, no fim das contas, todos esses meses de dedicação renderam um trabalho lindo e digno do texto escolhido. Talvez nem todos da plateia tenham gostado da peça em si, principalmente pelo tema que ela aborda, mas tenho certeza de que todos perceberam o quanto cada um se entregou ao papel que representava.


E que delícia isso!

E que delícia ouvir os aplausos!


Hoje, parece que meu coração saiu pra dar uma volta e deixou um vazio esquisito aqui dentro. É estranho não ir ao teatro, não entrar no camarim, não me besuntar inteira com pancake pra ficar com a cor da "Gabriéééla". É estranho demais saber que o momento tão sonhado de entrar no palco já veio e já passou, e que esse grupo tão unido e engraçado pode não ser o mesmo no próximo semestre. Mesmo que o grupo seja o mesmo, tudo será diferente.

Passou.

E isso não me deixa triste, só me deixa, sei lá, vazia.
Quando a plateia se levantou e bateu palma, na última sessão, senti como se tivesse percorrido um caminho longo e sinuoso, escuro em alguns momentos, mas que finalmente se iluminava e chegava ao fim. Era a nossa Vereda da Salvação. Um caminho alumiado de estrelas, onde os anjos passa voando, e é nele que a gente sobe para o paraíso.

Ontem, encontrei o paraíso ao lado de pessoas que amo muito e que, mesmo longe, vou continuar amando.
Obrigada a todos que, em maior ou menor proporção, ajudaram para que esse processo fosse bem sucedido.
E me desculpem o tom emotivo, mas é que, parafraseando Drummond, esse vazio depois de tanto trabalho e essa mescla de alegria com tristeza "deixam a gente comovido como o diabo".

Your song

14 de outubro de 2012

Poderia dizer que é o sorriso que não consigo segurar quando te vejo, a vontade de te fazer surpresas, a alegria ao perceber que você faz de tudo pra me agradar, sua cara engraçadinha quando eu digo que estou com fome e não sei o que quero, mas quero algo leve. Poderia dizer que é a paz de deitar de conchinha e a risada que seguro quando você mal diz que vai virar pro outro lado e já começa a roncar, os minutos antes de levantar que fico observando você dormir, ou que é acordar ouvindo música. Poderia falar que é a lembrança do dia que a gente cozinhou junto, as pintas que te dei, as noites românticas assistindo séries de zumbis. Poderia dizer que são as milhares de vezes que me sentei em frente ao computador com a intenção de te escrever e não consegui, porque qualquer coisa que eu escrevesse seria pouco.
Mas é a falta, eu acho, que resume tudo.
A sensação de que nada tem muita graça quando você não está comigo.
É sentir que amo, pela primeira vez, não só com o coração, mas com o corpo todo.
E que minha maior felicidade é te fazer feliz.
Por isso queria te dar um presente. Assim, sem data especial nem nada.
Pensei, pensei e decidi fazer esse texto.
É simples, eu sei, mas pra quê complicar, se nosso namoro não tem nada de complicado?
Espero que você não se importe que eu tenha colocado em palavras
Como o mundo é maravilhoso quando você está por perto.
E que você tem os olhos mais doces que já vi.
Te adoro.

Essa moça tá diferente

17 de março de 2012

Meus pais me ensinaram a ouvir Chico Buarque.
Colocavam no rádio de casa, nas viagens pra Clementina, falavam sobre os livros dele, a obra, o teatro...
Eu cresci achando aquele velho genial e lindo de morrer.
Por isso, quando ele anunciou o show em São Paulo eu não pensei duas vezes, comprei um ingresso.
Comprei sozinha, assim, na lata. A idéia era ir com uma amiga, mas nunca me dei bem com esses sites de venda de ingresso e acabei comprando no dia errado.
Nem liguei.
Tem coisas que prefiro fazer sozinha. Me esgoelar e chorar desesperadamente de emoção são duas delas, e eu sabia que ia acabar fazendo isso.
Eu sabia que o show ia ser bom.
Eu sabia que o mestre era genial.
A única coisa que eu não sabia é que ia ser o melhor show da minha vida.
Eu já vi grandes shows, tanto nacionais quando internacionais. Lembro que comprei, também sozinha, a entrada para o show do Paul McCartney no Rio. Eu não tinha ideia de como iria pro Rio e muito menos de como iria até o Engenhão, mas comprei e fui. Naquela noite, saí do estádio completamente atordoada e com a certeza de que dificilmente alguém faria com que eu me sentisse daquela forma novamente.
Hoje, isso aconteceu.
Aliás, seria bobagem dizer que a sensação foi a mesma. Não foi.
Foi muito melhor.
Hoje, quando Chico Buarque entrou no palco do HSBC Brasil com uma banda maravilhosa, ali, na minha frente, e cantou "O Meu Amor", eu quase tive um enfarte de tanta felicidade.
Acho que só não morri do coração porque queria ver o resto do show.
E a cada música eu me surpreendia mais.
Ele tocou o disco novo e alguns clássicos.
A cada acorde, sentia que minha vida antes era uma melodia incompleta e que eu estava encontrando ali, naquela casa de shows, as notas que me faltavam.
Eu sorri em "Baioque", cantei "Nina", me esgoelei e bati palmas em "Geni e o Zepelim", e quando ele tocou "Teresinha" eu não consegui me segurar. Chorei feito um bebê.
Chorei de emoção, de alegria, de êxtase. Chorei porque percebi, naquele momento, que aquela uma hora e meia ficaria na minha lembrança pra sempre, que falaria sobre aquele dia para meus filhos e netos.
Chorei porque me senti inteira em todos os sentidos.
Chorei porque a música me fez flutuar a tal ponto que nada, absolutamente nada, poderia me fazer pôr os pés de volta no chão.
Nunca mais.
Porque eu nunca mais vou ser a mesma.
Hoje, eu vi Deus de pertinho.

E ele tem lindos olhos azuis.

Sobre o ano que passou

20 de janeiro de 2012

Eu queria falar sobre o ano que passou.
Ensaiei, pensei, escrevi, apaguei, escrevi de novo, apaguei de novo...
Foi quando percebi que palavras não seriam suficientes pra mostrar o que eu queria.
Então decidi mostrar literalmente.


O ano que passou foi inesquecível porque...







... Porque eu amei intensamente todos os dias.


:)


"Este ano peço ao céu
a saúde do anterior.
Não preciso de dinheiro,
sou rico de amor.
Vou caminhando pela vida.
Sem pausa, mas sem pressa.
Procurando não fazer barulho,
vestido com um sorriso.
Sem complexos nem temores,
canto rumbas coloridas,
E chorar não me machuca
desde que você não chore"
(Melendí)

Amarelo

5 de outubro de 2011

Na pretidumbre do dia, ele entra ofuscando tudo.
Vestido de amarelo dos pés à cabeça, o homem atrai olhares de susto, de medo e - principalmente - de desprezo.
Flutuando em sua incômoda felicidade, como numa propaganda de absorventes, o homem enfrenta cada cara tão fechada quanto o dia com um sorriso brilhante como o sol.
Sorriso que, quem devolve, devolve também como o sol.
Mas não brilhante. Amarelo.
Nada que sobreponha a amarela alegria do homem que, sozinho em meio a multidão, caminha tranquilamente esbofeteando a opacidade cinza da cidade.

Rosário

28 de julho de 2011

Ela o amava.
E ele não estava nem aí.
Como muitas vezes acontece com tantos casais que não se formam.
Ela sabia tudo da vida dele.
E ele não dava a mínima.
Mas ela não se importava com isso, contanto que ele estivesse bem.
Ela sabia que ele não estava bem.
E ele não estava mesmo.
Reclamava da vida e da falta de amor sem se interessar pelo amor que transbordava dela.
Ela queria ajudar.
E ele não deixava.
Então ela não tinha a mínima ideia do que fazer.
Ela sempre passava por algumas igrejas.
E ele também, mas por outras.
Nenhum dos dois era religioso, nunca tinha sido e não se interessava por isso.
Ela entrou numa igreja um dia.
Ele nunca.
Se fosse parar para pensar, nenhum dos dois entraria mesmo.
Ela pediu que rezassem por ele.
E ele chorava escondido no quarto.
"Pedir ajuda a quem acredita não vai fazer mal", pensava ela.
Ela pediu a oração e foi embora.
E ele fechou os olhos decidido a morrer dormindo.
Os dois sentiam que só atrapalhariam se continuassem onde estavam.
Ela acordou rindo do que tinha feito.
E ele acordou se sentindo muito melhor.
Nenhum dos dois entendeu o que tinha acontecido.
Ela se esqueceu dele com o tempo.
Ele nunca entendeu a melhora repentina.
E
isso
pode
ter
a ver
com
a
oração.
Ou pode não ter nada a ver com ela.
Mas,
com
certeza,
teve
tudo
a ver
com
o gesto.

Passos em Direção à Luz

1 de abril de 2011

Próxima estação, Luz. Acesso gratuito aos trens da CPTM. Os assentos preferenciais...

Levantou os braços. Num movimento leve e medido.
Uniu sobre a cabeça as pontas dos dedos, fechou os olhos e sorriu.
Contrária aos movimentos bruscos do trem, apoiou as costas na barra de segurança e, calmamente, ficou na ponta dos pés.
Com delicadeza, dobrou uma das pernas e fez um passo ensaiado, difícil, mas que para ela parecia tão simples quanto respirar.
Vestida de rosa dos pés à cabeça, postura ereta, esticou os braços para frente, trocou a perna de apoio e girou. Dançava.
A música tocava apenas em sua cabeça, mas percebi que, apenas por observar, eu mesma já ouvia cada nota, sentia cada vibração.
Alheia ao trem que agora chegava à estação, alheia ao barulho a sua volta, alheia aos perigos do mundo lá fora, alheia até mesmo ao meu olhar atento, a bailarina, no auge de seus cinco anos, sonhava.


Créditos de título a Tyler Bazz, que vira e mexe me salva de situações complicadas :)

À Mostra

1 de março de 2011

Já se sentiu nu?

Você obviamente já ficou nu, mas já se sentiu assim?

Experimente tirar a roupa num local atingido por uma corrente de vento.

Não faça isso em público, pode gerar problemas.

Procure algum canto da sua casa por onde passe uma corrente de ar, tire a roupa, feche os olhos.

A primeira coisa que se sente é o corpo arrepiado, os pêlos levantando. Independentemente de estar calor ou frio, você vai se arrepiar (Tá, se você estiver em Rio Preto talvez não se arrepie, escolha um dia quente, não um dia extremamente quente, como todos entre agosto e abril).

Em seguida, vai sentir o vento nas partes úmidas do corpo. Cada um tem suas umidades particulares, já não cabe a mim definir nada nesse sentido.

E então você se sente indefeso.

O ser humano dificilmente para pra pensar nisso, porque praticamente já nasce vestido, mas a roupa, ao proteger do frio, da chuva, dos olhos tarados, cria a sensação de ser uma armadura que, via de regra, protege de tudo.

É nesse sentido que pergunto. Já se sentiu nu, mesmo vestido?

Alguém já te olhou e, só com os olhos, conseguiu te arrepiar, te fazer sentir as partes úmidas?

Alguém já te deixou indefeso?

Cuidado.

Despir-se do peso da armadura pode deixar o corpo tão leve que se torne difícil manter os pés no chão. E aí você flutuará nu, onde todos poderão te ver por inteiro.

Se você estiver se sentindo assim, no entanto, acredite: vai querer ser visto por apenas uma pessoa.

Um punhado de ar

25 de fevereiro de 2011

Triiiiim, acorda, pulAdaCama. Vai, desperta, o dia começou. A n d a - n o - m e i o - d o - p o v o, corre, pega o metrô. Chegaatrasadaesenta.  Ufa!  Levanta, pega café, senta de volta, trabalha, trabalha,trblaha, trlabaha.
- Oi.
- Oi(trabalha,trblaha, trlabaha)
- Como você é?

- Ah... Eu?
- É.
- Que pergunta estranha... Ah...sou assim, assado. Nada demais.
- Defina "Nada demais".
- Nada interessante.
- Defina "interessante".
- Nada que chame a atenção.
- Chamou a minha.
- Por que? Eu só trabalho, você mal me conhece.
- O seu sorriso.
- É frouxo.
- Seu papo.
- É velho.
- Seus olhos.
- Tá, os olhos... Talvez dos olhos você tenha razão. Esses olhos já viram coisa demais, muitas vezes diferentes do que o cérebro podia processar. Muitas vezes coisas feias, más. Mas também coisas boas. Muitas coisas boas. Meus olhos são de uma mulher de 80 anos, não só pela miopia. Pela vivência. Mais ativos que meus olhos, só meus braços. Que tentam sempre abraçar o mundo e pouco conseguem além de um punhado de ar.
- Do que você precisa?
- De tanta coisa.
- Mas o que é imprescindível?
- Posso ser sincera?
- Claro.
- Ocupa o lugar desse punhado de ar entre os meus braços. Não preciso de mais nada.

Foi DEZ!

24 de dezembro de 2010

2010 começou com um fardo bastante grande: ser um ano ao menos comparável com o de 2009. Em 2009 fiz o intercâmbio, morei em Santiago de Compostela, conheci milhares de pessoas que vou levar para sempre no coração. Foi, no mínimo, um ano brilhante. Confesso que não esperava muito desse ano que agora está terminando, apesar de ele ter começado de forma maravilhosa


Já contei como ele começou?

Estava em Compostela com um grupo de uns 10 brasileiros. Tínhamos duas garrafas de champanha, 12 uvas pra cada um, uma calcinha roxa (que eu estava usando por baixo de muita roupa, no caso), o bucho cheio de escondidinho da ceia e muita pressa pra chegar na frente da catedral onde aconteceria a festa...bom, eu, pelo menos, estava com bastante pressa. No final das contas uma parte do grupo ficou esperando outra, outra parte se perdeu, alguns correram porque estava chovendo e, quando deu meia noite, estávamos só eu, o Tyler e uma das duas garrafas de champanha, na frente da catedral, emocionados com os fogos e ensopados por causa da chuva. Foi lindo! Eu falei isso pro Tyler na hora e repito agora. Melhor impossível!

 Fogos sobre a catedral de Santiago de Compostela

Eu gorda, o Tyler magro e os dois ensopados na virada de ano 2009/2010

 

Depois da virada do ano comecei a contar os dias para voltar pra casa. Adorei a Europa, mas tava morrendo de saudade da minha família, do Brasil, dos morros de Itatiba e dos travestis de Rio Preto. Foi nesse momento de contagem regressiva que, simplesmente, me apaixonei. Assim, do nada, por alguém que havia acabado de chegar lá no estrangeiro. Eu, Marina, o coração de pedra que gosta de todo mundo mas não se apaixona por ninguém. Eu me apaixonei de verdade. Como diria o Zagallo: “Aí sim...”

É ÓBVIO que eu voltei pra casa e tive que esperar seis meses pra investir nesse sentimento. Afinal, sou eu. O que realmente importa nesse caso é que voltei a acreditar no amor e, garanto, isso já seria o suficiente pra tornar o ano de 2010 um dos mais importantes da minha vida.

Aí vem a pergunta, essa pessoa foi a mais importante da minha vida nesse ano? Não. Mesmo que eu ainda estivesse namorando, não seria. É claro que foi muito importante, mas a mais importante, sem dúvida, foi o meu pai.

Quando eu tinha 9 anos participei de um concurso de poesia na escola e acabei ganhando o terceiro prêmio. O tema era “O Heroi dos meus Sonhos”. Não lembro de toda a poesia, mas lembro da estrofe final:


“Meu pai, o herói dos meus sonhos

Que dos meus sonhos risonhos vem

Protegendo toda a família

E as outras pessoas também”

Tá, não é lá muito complexo, mas posso dizer que “Heroi dos meus Sonhos” é o título perfeito para o meu pai, porque num dia muito especial desse ano ele olhou nos meus olhos e disse que eu teria o apoio dele para tudo o que eu decidisse fazer da minha vida, independentemente do que o resto do mundo pensasse. Uma atitude que me fez chorar feito louca, de alívio e felicidade. Resumindo bem: o bigodão é foda!

O heroi dos meus sonhos


Tendo o apoio dele, uma aceitação em andamento da minha mãe e a certeza de que não estava fazendo mal pra ninguém, ergui a cabeça, arregacei as mangas e fui a luta para concluir o último ano de faculdade com a consciência tranquila e 100% de aproveitamento.

Estou falando, é claro, do que realmente importa na faculdade. Os amigos, as bebedeiras, as festas. Pra ter 100% de aproveitamento nas disciplinas eu teria que começar tudo de novo e, não, brigada, eu prefiro qualidade de vida.

Se os outros anos tinham sido repletos de farra, esse último, sem dúvida, entrou pra história! Os treinos de futsal viraram reuniões de família: sempre repletos de xingamentos carinhosos e concluídos com uma boa e gelada cerveja no Chalé. Aliás, se fosse pra dizer qual foi meu lugar preferido de 2010 ficaria em dúvida entre o Chalé, o Portuga e o Vila Dionísio. Não pelos lugares em si...pelas companhias, sempre! Poderia citar vários nomes que fizeram a diferença nesse ano, mas como minha memória é uma merda e sempre esqueço alguém extremamente importante, prefiro apenas agradecer a todos vocês que, em maior ou menor proporção, transformaram esse ano num período tão especial!

TRADUTORES 2010

 Churrasco dos Formandos

Time de Futsal feminino - IBILCE 2010
 No final das contas, o ano que prometia ser a ressaca de 2009 está acabando de forma espetacular! Ganhei uma amiga-companheira-irmã que vai passar o natal comigo, concluí a faculdade com uma boa média, fiz amigos pra vida toda, estou com o emprego garantido para o ano que vem, já tenho onde morar em São Paulo e, quando achei que o ano já não reservava mais nenhuma surpresa, descobri o quão prazeroso pode ser limpar o ouvido com um cotonete...isso soou meio estranho, mas tentem, é ótimo!

Obrigada a todos que caminharam comigo e boa sorte a quem, como eu, começa agora a enfrentar o mundo de outra forma. Feliz Natal desde Clementina. Feliz Ano Novo desde Santa Fé do Sul! Que essa virada de ano seja tão maravilhosa quanto a do ano anterior! O guarda-chuva já está a postos, a champanha já está na mão e a calcinha nova já está comprada...mas, dessa vez, ela é amarela.



Fim

27 de outubro de 2010

Nada.
Foi o que senti ao te olhar entrando pela porta.
De Nada.
Era a minha vontade diante de suas perguntas sobre o meu dia.
Absolutamente Nada.
Foi o que vi nos seus olhos quando disse que não queria mais esperar nada de você.
Assim como nada senti quando você me abraçou, nem vontade de sorrir, nem de chorar, nem mesmo de abraçar, nem nada.
Com os olhos mareados te vi ir embora e cruzar a rua. Microminimalíssima prova de que havia um coração aqui dentro. Rascunho de lágrimas que desapareceu com você na esquina e deu lugar a...nada.
Nadessíssima de nada.
Nada além do vazio deixado pelo Tudo que você tinha sido.

Inspirado num sentimento que vem Do fundo do mar e da alma

Cadência

8 de agosto de 2010

Estava ofegante, as mãos suavam e o coração não batia, espancava. As pessoas em volta, ao contrário das ideias de sua cabeça, andavam em câmera lenta, falavam em câmera lenta.
Nada do que diziam era interessante, a não ser quando falavam dela. Ela que tinha ficado longe por tanto tempo e agora estava de volta.
Todos haviam se encontrado com Ela, menos a pessoa de mãos suadas e olhos atentos que tentava, a todo custo, se distrair com qualquer coisa que não fosse Ela.
Foi quando aconteceu.
Num segundo que pareceu uma hora, se encontraram, se olharam, sorriram, correram e se abraçaram, num abraço de uma hora que pareceu de um segundo.
A felicidade era tão grande que acelerou ainda mais o coração, e quando achou que ia ter um ataque cardíaco por finalmente estar com Ela, percebeu que estava tendo era um ataque de riso, daqueles que se espalham e contagiam o mundo.
Caminharam de braços dados, com passos cadenciados, para pouco depois cadenciarem também o riso, a respiração, o coração, os movimentos. Seguiam, outra vez de mãos dadas, na mesma direção.

Fora!

6 de julho de 2010

Digas o que quiser
Estou Fora!
Muito mais do que os dias
que passam sem demora,
Eu só queria, por segundos,
Teus sorrisos de outrora.

Cartas, mensagens
Esses detalhes que ignoras
São meu jeito de te pedir carinho
De dizer que meu peito chora.
De buscar momentos felizes
Para endireitar nossa história.

Se minha presença não basta
E teus olhos se perdem lá fora
Não me peças pra ser menos criança
E me contentar com as antigas memórias
Foi pela criança que te apaixonastes
Não ouses agora mandá-la embora.

Digas o que quiser
Estou Fora!
Muito mais do que os dias
que passam sem demora,
Quero anos inteiros felizes
Rindo da tristeza de agora.