Adulta

18 de outubro de 2010

   Foi assim, de repente, esperando bagunça, uma casa destruída, cerveja saindo pelas torneiras, churrasco só com o cheiro da carne, música brega, pessoas bêbadas correndo por todos os lados, beijos e abraços em desconhecidos, que percebi como as coisas estavam diferentes.

   Foi quando entrei naquela casa linda e me ofereceram carne, cerveja, vinho – seco – ou suco, vinagrete e mandioca cozida, quando vi crianças correndo pelo quintal e pessoas mais velhas conversando e rindo moderadamente, foi quando te vi com um chapeuzinho de festa na frente do bolo de aniversário que percebi, minha amiga, que algo havia mudado.

   Você estava mais linda do que nunca, com o sorriso incrível de todos os dias, o carinho absurdo de anos e a amizade que sempre tivemos...mas estava diferente.

Foi assim, num momento de surpresa, em uma noite de festa, que percebi que você havia crescido.

   Era como se tivesse perdido uma pessoa que amava muito e estivesse conhecendo outra, que amava também antes mesmo de conhecer.

Adulta, como dizem...adulta.

   E eu me senti pequena vendo sua felicidade. E me senti grande por ter sido convidada pra estar ali. E me senti criança perto de você. E senti orgulho de estar ao seu lado.

   E me lembrei dos nossos planos “Peter Pan”, das nossas preocupações com prova, da dificuldade de juntar dinheiro pra viajar com os amigos, dos sonhos tão bonitos, tão distantes, tão infantis, e percebi que ainda sonhava os mesmos sonhos enquanto você já realizava os seus.

   Olhando pra você com uma criança no colo e a família do lado só me restou sorrir, e enquanto todos a parabenizavam pelo aniversário, eu a parabenizava pelo crescimento.

Que "Littlemarininha" que nada! Que moleca que nada!
Quando crescer quero ser como você.

3 pitacos:

Marina disse...

É, a gente se assusta quando vê que o tempo passou e nada é a mesma coisa de antes. Mesmo sendo melhor, à sua maneira.

João Bosco Maia disse...

Estive já por aqui e cá estou outra vez. Belo espaço para as letras, para a poesia, para o pensamento... para tornarmos mais claros nossos caminhos! Ao mesmo tempo em que te mobilizo para removermos este triste índice de 2 livros/ano por leitor brasileiro (na Argentina são dezoito livros/ano),
te convido a conhecer meus romances. Em meu blog, três deles estão disponíveis inclusive para serem baixados “de grátis”, em formato PDF.
Um grande abraço e boa leitura!

Marina disse...

Oi, Má! Que bom que você gostou do meu texto. É bem antigo, na verdade. Pode "usá-lo", mas você falou tanto de que não conseguiria usar como gostaria que terminou me deixando curiosa. Só não esquece dos créditos, tá?

Beijo grande!