Certidão

4 de julho de 2012

Declaro que no dia 28 de maio de 1988, no hospital de Birigui - SP, nasceu Marina Cury Reis, branca, sexo feminino, corinthiana. Filha de Gilmar dos Reis, chamado "Gilmar" em homenagem ao famoso goleiro que tantas bolas defendeu milagrosamente pelo Timão, e de Elizabeth de Fátima Cury Reis, brasileira, dentista, corinthiana, sofredora e maloqueira sim senhor.
A menina nasceu com 50 centímetros, 2,5kg de corpo e 3Kg de cabelo.
Nasceu chorando os bofes. Prova, segundo o avô paterno, Pedro dos Reis, de que seria boa sofredora.
Declaro que todos os exames básicos foram realizados ainda no hospital.
Pelos exames, notou-se que a menina apresenta o coração mais forte que o normal.
O que é normal, no caso dos corinthianos.
Toda a família esteve presente para recepcioná-la portando faixas de incentivo nas quais se lia "Jogai por Nós" e "Família CURYnthians" e entoando o Hino Nacional. Segundo um dos primos, Rodrigo Cury Machi, a ideia era que ela já saísse do hospital sabendo cantar a primeira frase do hino: "Salve o Corinthians".
Diante de protestos de torcedores de outros times, que declaravam achar o cúmulo tantas pessoas pressionarem uma recém-nascida para que ela se tornasse sofredora, os padrinhos, Givaldo dos Reis e Silmara Cury Trevisan declararam que não estavam forçando nada, que ela já havia nascido daquela forma, que qualquer sofrimento valeria a alegria da vitória e que não, palmeirenses e santistas nunca entenderiam.
Referiram-se apenas aos palmeirenses e santistas porque o São Paulo havia empatado com o time do Botafogo naquele mesmo dia e não havia torcedores presentes ou ausentes, visto que sãopaulinos só são sãopaulinos quando vencem.
Quando, em tom de chacota, o único tio palmeirense, João Carlos Trevisan, questionou sobre a Taça Libertadores, a menina começou a chorar. O choro foi interpretado como desespero, pelo torcedor do palestra, e como alegria e emoção, por todo o resto da família.
Declaro apenas, diante disso, que o coração dela é forte o suficiente para suportar tanto a derrota quanto a vitória.

O referido é verdade e dou fé, muita fé, fé sempre!

O oficial de registro civil.

8 pitacos:

Tyler Bazz disse...

Esse post me deixou de Boca aberta. (ai. vai ser assim o dia inteiro.)

Anônimo disse...

Ótimo texto, Má. Pena que vc não foi para o lado do seu tio João Carlos, pq, com certeza, vc seria mais feliz hahahahah
beijo

Jullia A. disse...

Ai sim! sensacional. corinthiano é corinthiano sempre.

Pâmella de Andrade disse...

Nossa Ma, to arrepiada aqui, menina! Que lindo! E que orgulho do nosso TIMÃO, que cada dia mais nos traz felicidades!

nay.sartorato disse...

puta merda, sou ANTI FUTEBOL, total, vc sabe, tenho até raiva de quem gosta, mas cara, vc manja!

Bonaldi disse...

Acho tão bonito quem realmente sabe falar do amor que sente pelo futebol, sem parecer pedante! E mesmo sendo coritiana! (tá, parei.)

Natalia Máximo disse...

Só consegui ler esse texto agora e adorei! Ser torcedor é uma coisa muito louca, e só entende o que é isso quem chora e sorri junto, quem faz parte da torcida que vira o 12º jogador em campo. Eu, como palmeirense, entendo o sentimento - e tenho certeza que os são paulinos não devem fazer ideia do que é isso.
Ainda vale dar parabéns pelo título? Porque esse time muito mereceu!

Ayrton Ribeiro disse...

Parabéns pela qualidade do texto Má! Como sempre fabuloso...

Parabéns também pela inabalável fé ao CURYnthia!

Parabéns também (por que não?) pela Libertadores.

Mas Mundial, quedê? (Ora, um pouco de espírito esportivo são paulino né)