Essa moça tá diferente

17 de março de 2012

Meus pais me ensinaram a ouvir Chico Buarque.
Colocavam no rádio de casa, nas viagens pra Clementina, falavam sobre os livros dele, a obra, o teatro...
Eu cresci achando aquele velho genial e lindo de morrer.
Por isso, quando ele anunciou o show em São Paulo eu não pensei duas vezes, comprei um ingresso.
Comprei sozinha, assim, na lata. A idéia era ir com uma amiga, mas nunca me dei bem com esses sites de venda de ingresso e acabei comprando no dia errado.
Nem liguei.
Tem coisas que prefiro fazer sozinha. Me esgoelar e chorar desesperadamente de emoção são duas delas, e eu sabia que ia acabar fazendo isso.
Eu sabia que o show ia ser bom.
Eu sabia que o mestre era genial.
A única coisa que eu não sabia é que ia ser o melhor show da minha vida.
Eu já vi grandes shows, tanto nacionais quando internacionais. Lembro que comprei, também sozinha, a entrada para o show do Paul McCartney no Rio. Eu não tinha ideia de como iria pro Rio e muito menos de como iria até o Engenhão, mas comprei e fui. Naquela noite, saí do estádio completamente atordoada e com a certeza de que dificilmente alguém faria com que eu me sentisse daquela forma novamente.
Hoje, isso aconteceu.
Aliás, seria bobagem dizer que a sensação foi a mesma. Não foi.
Foi muito melhor.
Hoje, quando Chico Buarque entrou no palco do HSBC Brasil com uma banda maravilhosa, ali, na minha frente, e cantou "O Meu Amor", eu quase tive um enfarte de tanta felicidade.
Acho que só não morri do coração porque queria ver o resto do show.
E a cada música eu me surpreendia mais.
Ele tocou o disco novo e alguns clássicos.
A cada acorde, sentia que minha vida antes era uma melodia incompleta e que eu estava encontrando ali, naquela casa de shows, as notas que me faltavam.
Eu sorri em "Baioque", cantei "Nina", me esgoelei e bati palmas em "Geni e o Zepelim", e quando ele tocou "Teresinha" eu não consegui me segurar. Chorei feito um bebê.
Chorei de emoção, de alegria, de êxtase. Chorei porque percebi, naquele momento, que aquela uma hora e meia ficaria na minha lembrança pra sempre, que falaria sobre aquele dia para meus filhos e netos.
Chorei porque me senti inteira em todos os sentidos.
Chorei porque a música me fez flutuar a tal ponto que nada, absolutamente nada, poderia me fazer pôr os pés de volta no chão.
Nunca mais.
Porque eu nunca mais vou ser a mesma.
Hoje, eu vi Deus de pertinho.

E ele tem lindos olhos azuis.

3 pitacos:

Tyler Bazz disse...

Como fã de música, achei esse texto demais, e sei que não é nem metade do que você sentiu.

Como alguém que faz textos, eu sei que esse texto começou pela última frase. ;)

Como seu amigo, to feliz demais por você! \o/

Natalia Máximo disse...

Que incrível, Má. Cara, queria muito ter conseguido ingresso pra algum dos shows dele, é muito épico pra se perder =~~
Mas fico feliz de saber que ele tá fazendo a alegria dos fãs!

Ayrton Ribeiro disse...

Nao sei se é essa sua capacidade incrível de descrever sentimentos, ou essa necessidade voraz por experimentar novas sensacoes, mas seu texto me fez decidir uma coisa Ma!

Meu sonho sempre foi poder reviver de alguma forma os anos 60 e mergulhar no mundo da contra-cultura e crencas New Age que estavam em voga naquela época...O problema é que ha pouco tempo em um país estranho, e com poucos ao meu redor dispostos a tamanha aventura, me restou comprar sozinho o ingresso para o festival Playa del Fuego que vai acontecer de 24 a 28 de Maio como uma recuperacao de Woodstock!

Enfim, so queria te agradecer por essa sua habitual injecao de animo pra me incentivar a essas loucuras das quais no fim nunca me arrependo!

um beijaao e saudades!