Carta ao leitor

25 de outubro de 2011

Eu sinto muito.

Não estou pedindo desculpas nem nada, apenas constatando um fato.
Eu sinto realmente muito. Muitas coisas.
Meu corpo é sentimento rodeado de uma carcaça fina de pele, ossos e órgãos.
A vida inteira, no entanto, só mostrei a carcaça.
Passei mal durante anos até perceber que os sentimentos eram grandes demais e a carcaça fina ao extremo, e que seria preciso liberar um pouco do que eu sentia para não explodir.
Foi quando criei este blog.
A ideia básica era que ele funcionasse como terapia, como exposição do que me machucava tanto ou me alegrava tanto que não cabia em mim.
Fiquei feliz quando percebi que funcionava.
Aos poucos, os textos foram ganhando a minha forma, a minha personalidade e o meu estilo.
E me surpreendi ao notar que as pessoas liam e gostavam do que eu escrevia.
Gostavam, na verdade, de mim.
Vai entender, tem louco pra tudo.
Este foi um ano de grandes mudanças. De cidade, estilo de vida, ideais. Sentimentos à flor da pele. Talvez por isso a produtividade do blog tenha sido maior.
Com a maior produtividade vieram os leitores assíduos que, pra minha surpresa, divulgavam os textos, comentavam, retuitavam e traziam mais leitores.
O Peripécias cresceu.
E o que era pra ser apenas um espaço de despejo de sentimentos, se tornou um dos meus maiores orgulhos.
Obrigada a você, leitor, por isso.
Agora, se você é um dos visitantes assíduos, deve ter percebido que a produtividade do blog caiu bastante nos últimos dois meses.
Isso não foi por acaso. 
Em um dos primeiros textos deste blog, confessei minha paixão platônica pelo teatro.
Platônica porque quando a gente não vai atrás, as coisas não acontecem.
Pois é, tomei vergonha na cara e fui atrás.
Entrei no Macu por indicação de uma prima.
Não sabia o que esperar, só sabia que sentia um frio na barriga quando pensava nisso.
Parei de pensar e fui.
Fui, simplesmente, como poucas vezes fui na vida. E me entreguei, simplesmente, como nunca havia me entregado. Conheci gente interessante e maluca e engraçada. Gente como eu, em muitos aspectos, e completamente diferente, em centenas de outros.
Mas essas diferenças não importaram na primeira aula, nem na segunda, nem na quinta e até hoje não importam. Porque mais que brincadeiras, micro-cenas, pulos de olhos fechados e gritos de merda, o teatro me proporcionou uma leveza que eu nunca havia sentido.
Se antes eu precisava escrever um texto pra pôr pra fora o que sentia, hoje, as três horas e meia de aula por semana me esvaziam até de dores que eu nem sabia que existiam e abrem meus olhos pra um mundo muito mais divertido e simples.
Se eu vou ser atriz profissional? Não sei.
Se eu quero? Não tenha a menor dúvida disso.
Minha vontade de escrever não passou. Nunca vai passar, aliás, porque é parte importante de mim.
Mas a necessidade de escrever foi amenizada.
E por isso, a você que sempre lê e cobra textos novos, eu digo que sinto muito. Agora com tom de desculpas. Porque tenho escrito menos do que gostaria.
Mas não brigue comigo.
Este post é pra mostrar que o Peripécias, assim como eu, está bem e vivo, obrigada.
Aliás, está melhor, mais leve e mais vivo do que nunca.


6 pitacos:

Natalia Máximo disse...

Que saudade do Macu! Fiz um ano e sempre, sempre senti falta. Vamos ver se consigo voltar o quanto antes *-* Realmente, senti sua falta por aqui, mas estou em uma posição de não poder cobrar nada de ninguém, já que meus posts têm sido cada vez mais raros... Mas vamos mudar isso, né?
Apareça mais vezes, nós sempre vamos amar (:

Anônimo disse...

Bom saber que éramos úteis sendo terapeutas, de uma certa forma! =)

Leonardo Valle disse...

Entendo-te em número e grau. Após o início do teatro, eu estou mais leve. Mas tmb me tornei um grande observador em relação aos meus sentimentos, angustias e afins. Espero canalizar tudo isso para algo criativo. Bjs, Léo :)

Anônimo disse...

Faz muita falta um texto novo, mas acho que é melhor assim. Vc fazendo o que gosta! :D

raylsonbruno disse...

\o/ Nem preciso dizer que me identifico imensamente com o texto neah?

100 vezes viva ao teatro e as pessoas que fazem teatro!!!

Abraço!

Amanda Mazzei disse...

Oh, agora eu me lembrei das minhas aulas de teatro!
E principalmente da pressão antes da peça, e todo mundo antes de entrar em cena, os gritos de merda.
Bom, quem nunca fez teatro, não entende,nem que a gente explique.
Você tme que fazer e ver como é bom.
Você pode ser centenas de pessoas diferentes de você, e ao mesmo tempo ser você.

valeu pelo post, e pelo blog.
Cada linha que você escreve vai valer por cada segundo aqui no Peripécias.
Bjão.