Rosário

28 de julho de 2011

Ela o amava.
E ele não estava nem aí.
Como muitas vezes acontece com tantos casais que não se formam.
Ela sabia tudo da vida dele.
E ele não dava a mínima.
Mas ela não se importava com isso, contanto que ele estivesse bem.
Ela sabia que ele não estava bem.
E ele não estava mesmo.
Reclamava da vida e da falta de amor sem se interessar pelo amor que transbordava dela.
Ela queria ajudar.
E ele não deixava.
Então ela não tinha a mínima ideia do que fazer.
Ela sempre passava por algumas igrejas.
E ele também, mas por outras.
Nenhum dos dois era religioso, nunca tinha sido e não se interessava por isso.
Ela entrou numa igreja um dia.
Ele nunca.
Se fosse parar para pensar, nenhum dos dois entraria mesmo.
Ela pediu que rezassem por ele.
E ele chorava escondido no quarto.
"Pedir ajuda a quem acredita não vai fazer mal", pensava ela.
Ela pediu a oração e foi embora.
E ele fechou os olhos decidido a morrer dormindo.
Os dois sentiam que só atrapalhariam se continuassem onde estavam.
Ela acordou rindo do que tinha feito.
E ele acordou se sentindo muito melhor.
Nenhum dos dois entendeu o que tinha acontecido.
Ela se esqueceu dele com o tempo.
Ele nunca entendeu a melhora repentina.
E
isso
pode
ter
a ver
com
a
oração.
Ou pode não ter nada a ver com ela.
Mas,
com
certeza,
teve
tudo
a ver
com
o gesto.

6 pitacos:

Thaís Tamaoki disse...

Tá ficando (muito) boa nisso, heim? Gostei. E com certeza foi o gesto.

Anônimo disse...

Seus textos já saíram do nível "amador" há algum tempo né? E todos colocam a prova o quanto eu sei sobre você. Intrigante e muito intenso! Parabéns! =)

Natalia Máximo disse...

Que lindo, queridona. Fiquei, de alguma maneira, feliz pelos dois!

Anônimo disse...

Perfeito Má ...
Cada vez melhor ...
Sua linda!
;)

Marina disse...

Conto em verso. Gostei, ficou bem legal.

Beijo, Maa!

Fabio disse...

Muito bom! *_*